Villa-Lobos: concessão está destruindo um parque que levou 20 anos para ser construído
Foto: Guilherme Purvin
A concessão de parques faz parte de uma política que tem desmontado o sistema de proteção ao meio ambiente no estado de São Paulo, avaliaram alguns participantes de uma audiência pública sobre gestão privada dessas áreas verdes. O evento foi realizado na Assembleia Legislativa (Alesp), em 9 de novembro, sob organização do deputado estadual Antonio Donato. A SAAP participou, expondo sua avaliação sobre o caso Villa-Lobos e Candido Portinari – a associação faz parte do conselho de ambos.
“Quando se permite a comercialização e a exploração de áreas como estas, claramente cria-se um conflito ético, que despreza a importância do meio ambiente na vida da população. Por isso, a fiscalização de contratos e concessões dos nossos parques deveria ser bem mais rigorosa”, defendeu Fábio Sanches, representante do movimento ambiental Rede Nosso Parque.
Na avaliação da presidente da SAAP, Maria Helena Osório Bueno, a concessão dos parques Villa-Lobos e Candido Portinari está desvirtuando o projeto original, que privilegiava a contemplação, a convivência com a natureza no meio urbano. “Conheço o Villa-Lobos desde quando era um lixão, um depósito de restos de construção civil. Foram 20 anos de um projeto de plantação de árvores, de desenvolvimento de áreas verdes e áreas de convívio. Agora, estão destruindo todo esse trabalho.”
A SAAP não é, por princípio, contrária à concessão de parques à iniciativa privada. Mas avalia que, desde que os parques da região passaram para a gestão privada, há cerca de um ano, a situação piorou enormemente. “A concessionária está transformando aquilo num parque de diversões. Cerca vários espaços e cobra caro para entrar neles. Está um desastre”, critica Maria Helena.
Numa enquete feita pela SAAP sobre a concessão do Villa-Lobos e do Candido Portinari, os moradores de Alto dos Pinheiros teceram várias críticas à gestão da empresa Reserva Parques: insegurança, ênfase em eventos e falta de melhorias. Para a SAAP, a Reserva Parques atua muito mais como uma gestora de eventos do que de parques públicos.
“Antes, nossa relação com a gestão estatal do parque teve momentos difíceis, mas também de concordância total. Agora piorou muito. Concessão virou: eu sou dono, faço o que quero. Faz vários shows e eventos, mas não cuida do parque propriamente dito”, afirma a presidente da SAAP.
O deputado Donato disse que pretende organizar nova audiência pública, dessa vez com participação da Reserva Parques. Ele também está elaborando um projeto de lei para fortalecer os conselhos na gestão dos parques – algo muito bem-vindo pela SAAP.