Associação dos Amigos de Alto dos Pinheiros.

Projeto de livros gratuitos já tem 5 unidades em Alto dos Pinheiros

A inspiração veio da França. O primeiro marceneiro, também. Mas todo o resto é daqui mesmo, de Alto dos Pinheiros. Os produtos, as gestoras, os usuários – é do bairro o tripé de um projeto de sucesso que já chegou a cinco praças: o Livros Livres.

Uma moradora de Alto dos Pinheiros viu algo assim numa viagem à Bretanha (noroeste da França). Adorou. De volta ao Brasil, convenceu o marido (um engenheiro francês com jeito para marcenaria) a construir uma casinha. A peça foi feita com material reciclado e instalada na praça Japubá, em fevereiro de 2018 (foto à esquerda). A divulgação se deu por meio de panfletos na vizinhança e posts no Facebook.

“Eu não tinha conta no Facebook e mal sabia como isso funcionava”, conta a moradora responsável por implantar o projeto no bairro, Emma Bovary – um pseudônimo, referência à célebre personagem do romance “Madame Bovary”, que adorava ler (a moradora prefere se manter no anonimato, porque “o projeto é mais importante do que quem está por trás dele”).

A multiplicação

A iniciativa logo fez sucesso. Outra moradora, Patsy Calicchio, apaixonou-se pela ideia e colocou-a em prática na praça Conde de Barcelos – são duas casinhas, uma para livros adultos e outra para infantis (foto à esquerda).

Pouco depois, vizinhos da praça Vicentina de Carvalho convidaram Emma para estender o projeto para lá (foto à direita, abaixo). Em seguida, o mesmo aconteceu na praça Província de Saitama (foto abaixo, à esquerda). Desde então, a SAAP tem parceria com Emma: compra as casinhas de madeira e instala; a moradora fica responsável pela manutenção. A mais recente unidade foi inaugurada em novembro do ano passado, na praça Capitão Matheus de Andrade (foto ao final do texto).

O trabalho de Emma é inteiramente voluntário. Ela recebe doações e seleciona os livros (às vezes há obras muito específicas, técnicas; outras, os volumes não estão em bom estado). Regularmente, limpa e restaura os que começam a se deteriorar, faz a coleção circular entre as diferentes casinhas. Cada um é carimbado e etiquetado, com identificação do ponto de troca e os dizeres: “Livro livre, venda proibida”.

“Qualquer um pode ir à casinha e pegar o livro. Não é obrigado a devolver, nem a colocar outro no lugar – se for pegar vários, aí, sim, a gente pede para repor. Tem gente que só coloca livro, não tira. Pode fazer o que quiser, menos vender”, afirma Emma.

Pandemia

No ano passado, no início da pandemia, Emma suspendeu as atividades. Mas, com o passar do tempo, percebeu que as pessoas continuavam abrindo as casinhas e depositando livros. No segundo semestre, retomou o trabalho. “O movimento não diminuiu. O que mudou é que as pessoas estão indo às praças de máscara, só isso.”

Vários usuários não são moradores, mas trabalhadores do bairro. “Aí é melhor ainda. Já soube de uma mulher que trabalha em casa de família aqui em Alto dos Pinheiros e leu os livros para crianças do bairro onde mora, Cidade Tiradentes. Tem também um morador de rua que pega os livros na Japobá e sempre devolve impecável”, alegra-se Emma.

Gostou da ideia? Então participe da troca de livros em uma das casinhas do bairro. Ou implante você mesmo uma nova unidade do projeto! Os amantes da leitura agradecem.