Seis coisas que você precisa saber antes de passear com seu cão ou contratar um passeador
A SAAP tem recebido queixas sobre passeadores que soltam cães nas praças, incomodando moradores, pondo em risco crianças, idosos e outros animais. Semanas atrás colocamos nas nossas redes sociais um vídeo em que era possível ver cerca de dez cachorros soltos, correndo e latindo na Conde de Barcelos. Além disso, não é raro ver fezes de cães nas calçadas ou nas áreas verdes.
Mas, afinal, que cuidados você deve ter ao passear com seu cão? E ao escolher um passeador? Para tirar dúvidas como essas, conversamos com dois profissionais que prestam serviço em Alto dos Pinheiros: o veterinário Robinson Dias Moreira, da clínica veterinária Natingui, e Érika Galiano, da Cãovívio, empresa que trabalha com adestramento, passeio de cachorros e cursos de “dog walker”, entre outros.
1) Quais vacinas é preciso que o cão tome antes de passear pela primeira vez?
Em tese todo mundo já sabe, mas convém insistir: para o cão sair à rua, é preciso que esteja vacinado. Inicialmente, com vacina V8 ou V10, para se prevenir contra cinomose e parvovirose, principalmente. Esse imunizante costuma ser ministrado quando o cachorro tem de 2 a 4 meses. A partir de 4 meses, deve ser aplicada vacina antirrábica. “Essa imunização é básica para qualquer cão ser liberado para passear com outros animais”, afirma Moreira. Ele recomenda ainda fazer regularmente exame de fezes e vermifugação.
2) Um passeador pode sair com quantos cães por vez?
No máximo três, recomenda Érika Galiano. De preferência, do mesmo porte e com o mesmo comportamento. Se os cães não se conhecem, é importante que o passeador apresente uns aos outros antes de dar uma volta com eles.
3) Todos os cães precisam usar guias e coleiras?
Sim, mesmo os pequenos ou os mais mansos. A coleira (peça que vai presa ao corpo do animal) e a guia (parte que se estende da coleira até a mão do passeador) são fundamentais para a segurança das pessoas e dos animais. “Alguns cães têm reações impulsivas, saem correndo ao, por exemplo, ver um gato”, observa Robinson Moreira.
Só se pode abrir exceção em lugares seguros e (fundamental) cercados, segundo Érika. “Mesmo assim, é preciso antes analisar o ambiente, verificar se tem osso de galinha, algum tipo de veneno, caco de vidro, alguma coisa perigosa. E ver como está o comportamento do cão em relação aos outros. Se tudo isso estiver bem, aí, sim, pode soltar – a guia, não a coleira”, diz ela. “Mas, se for em ambiente aberto, nem assim.”
4) O que fazer com cães ariscos ou amedrontados, não acostumados a passear ao lado de outros?
Antes de qualquer cachorro se juntar a outro grupo, é fundamental observar seu comportamento. Se for bravo ou tiver muito medo, torna-se crucial que ele passe antes por treinamento, para acostumá-lo a ficar na matilha. “O cão deve ser socializado com muita calma, paulatinamente”, explica Érika, que tem pós-graduação em comportamento animal.
5) Por que tão é importante limpar os dejetos dos animais?
Há muitos motivos. O mais importante é evitar proliferação de doenças – algumas delas, aliás, podem contaminar humanos, como a giárdia. “Não se trata apenas do aspecto de limpeza das ruas, mas também de evitar contaminação com vermes intestinais”, declara Moreira.
Em geral, os passeadores levam saquinhos (“de preferência, biodegradáveis”, salienta Érika) ou jornal para recolher as fezes dos cachorros. Quando o passeio envolve locais com pouca área verde (muito comércio e residência), costuma-se carregar uma garrafa PET com água e detergente, para jogar a mistura sobre a urina.
6) Como escolher um bom passeador?
Pedir referência a clientes e ex-clientes ajuda muito. A proprietária da Cãovívio recomenda que o dono (ou “tutor”, como preferem dizer os profissionais da área) acompanhe pelo menos as três primeiras saídas, para ver se o passeador conduz o cão com habilidade e segurança.
O ideal, segundo Érika, é ter um curso de dog walker. “As pessoas têm a impressão de que passear é colocar guia, coleira e sair andando. É muito mais que isso. É extremamente importante saber observar o comportamento, prever o que pode vir a acontecer”, afirma.