Há mais de um ano, os moradores de Alto dos Pinheiros são obrigados a conviver com uma obra importante, mas desnecessariamente longa. Desde dezembro de 2023, o asfalto da avenida Semaneiros foi rasgado para troca de tubulações e implantação de uma nova rede de drenagem.
Os trabalhos causaram vários transtornos às residências do entorno, como interrupção, sem aviso prévio, do fornecimento de eletricidade, internet e água. A empresa encarregada (Construtora Lettieri) inicialmente informou aos moradores que as obras seriam concluídas em meados de 2024. Em visita ao bairro, meses antes, o prefeito Ricardo Nunes disse que o término seria em outubro.
Quase um ano depois, a empreitada está parada. O material da obra continua em cima do canteiro central da avenida dos Semaneiros no seu último trecho, esperando autorização da Motiva (ex-CCR) para passar a tubulação por baixo da linha da CPTM.
Por que a demora é preocupante?
É desnecessário dizer que obras paradas costumam elevar os custos de manutenção e gerar retrabalhos. Para os moradores, os impactos diretos são:
- Piora no trânsito: O asfalto da avenida Semaneiros está cheio de buracos e desníveis, prejudicando o trânsito durante o dia todo, principalmente nos horários de pico. Esse é um trecho especialmente importante, pois liga a Marginal Pinheiros à avenida Pedroso de Morais.
- Risco de deterioração do asfalto: A construtora colocou apenas a primeira camada de pavimento — a segunda será implantada ao final do serviço. Estamos nos aproximando das estações mais chuvosas, quando os problemas tendem a se tornar ainda mais intensos.
- Vegetação afetada: Material de obra e tapumes continuam espalhados pelo canteiro central da avenida, com vegetação inteiramente danificada.
- Risco de inundações: a troca da tubulação sob a Semaneiros (e mesmo sob a Marginal Pinheiros) já foi concluída. O que falta é passar a tubulação por baixo da linha da CPTM (veja mais abaixo) e ligá-la à saída de escoamento no rio Pinheiros. Sem essa ligação, não está claro como a água das chuvas será escoada. “A tubulação nova é maior do que a original. Ainda não explicaram à SAAP o que vai acontecer se as chuvas fortes chegarem e a ligação final ainda não estiver pronta. Para onde vai essa água?”, questiona a presidente da SAAP, Maria Helena Osorio Bueno.
O que está travando as obras?
Como dito acima, a nova tubulação é maior que a antiga. Para que ela deságue no rio Pinheiros, são necessárias duas permissões. A Empresa Metropolitana de Água e Energia (Emae) precisa autorizar que a água pluvial caia no rio. Ela já autorizou.
O problema está sendo a segunda autorização. A tubulação precisa passar por baixo da linha de trem da CPTM. A concessionária responsável pelos trilhos, Motiva, ainda não liberou essa parte final.
A SAAP enviou ofícios à Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras e à vereadora Cris Monteiro, solicitando agilidade nesse processo. Reuniu-se com o próprio secretário de Obras, Marcos Monteiro. E enviou ofício à Motiva.
A empresa, porém, ainda não deu permissão — nem para passar a tubulação nova por baixo dos trilhos nem para conectá-la à antiga saída para o rio Pinheiros. Em mensagem à SAAP, disse que “se trata de uma obra com grande interferência na linha e que demanda avaliação criteriosa”. Disse também que “o processo já se encontra em fase final para que as obras possam ser liberadas.”
A SAAP vai continuar insistindo para que as obras sejam de fato concluídas. Será uma irresponsabilidade se o poder público ou a concessionária não permitirem que os trabalhos estejam inteiramente finalizados antes da época das chuvas fortes, que costuma começar em setembro.