Associação dos Amigos de Alto dos Pinheiros.

A Pôr do Sol deve deixar de fechar à noite, como recomenda o Ministério Público?



Novamente, a praça mais frequentada de Alto dos Pinheiros volta a ser envolvida em polêmica. Como noticiou a imprensa na semana passada, O Ministério Público de São Paulo recomendou que a Prefeitura retire os alambrados que cercam a Coronel Custódio Fernandes Pinheiro, conhecida como praça Pôr do Sol.

Neste texto, vamos relembrar a história recente envolvendo essa área verde e informar qual é a posição da SAAP sobre o assunto. Outros detalhes podem ser conferidos em um texto que publicamos em junho de 2021.

 

1) Desde quando a praça está cercada?

Desde abril de 2020, pouco depois do início da pandemia, em 2020. Na ocasião, a praça foi cercada por tapumes e fechada ao público, para evitar aglomerações. Posteriormente, no final do mesmo ano, começaram as instalações de um alambrado e de portões, estruturas que permanecem até agora.

2) A SAAP apoiou a decisão de fechar a Pôr do Sol durante a pandemia?

Sim. Na ocasião, pouco se sabia sobre o novo coronavírus e suas formas de contágio. A SAAP não pediu o fechamento, mas concordamos quando fomos consultados sobre a possibilidade de isso ocorrer temporariamente.

3) A SAAP apoiou a decisão de cercar a praça com alambrado, no final da pandemia?

Não fomos consultados sobre o tipo de cercamento nem sobre a forma de fazê-lo. A instalação do alambrado foi uma decisão da Prefeitura. Atualmente, a Pôr do Sol fica aberta das 6h às 19h, e fecha à noite. A SAAP concorda com a decisão, embora não tenha posição fechada sobre horários específicos de funcionamento.

4) Por que a SAAP apoia que a Pôr do Sol seja cercada e tenha portões?

Por entender que isso ajuda na gestão desse espaço que há muito tempo deixou de ser uma praça de bairro e virou um ponto turístico em uma zona estritamente residencial. É uma demanda da SAAP e de moradores do entorno — inicialmente reunidos na Associação dos Vizinhos da Praça do Pôr do Sol (Avisol, já extinta).  Defendemos a implantação de portões de acesso em todas as entradas existentes no projeto urbanístico original da praça.

Mas consideramos fundamental que isso seja feito em meio a um plano de médio e longo prazo que preveja: gestão dedicada, melhoria da infraestrutura — com banheiro público, bebedouros e acessibilidade —, limpeza regular (especialmente aos finais de semana), mais vigias para orientarem a população e impedirem o comercio ilegal de bebida alcoólica.

Infelizmente, a praça quase nunca recebeu do poder público uma gestão adequada que fizesse frente ao grande número de pessoas que ela recebe, particularmente aos finais de semana. Enquanto esteve sem cerca, tanto a infraestrutura quanto a segurança e a limpeza foram insuficientes, como a SAAP apontou em diversas reuniões do Cades, do Conseg, com a Subprefeitura de Pinheiros e com a Secretaria do Verde e Meio Ambiente.

5) Por que a SAAP defende que a praça seja fechada durante a noite?

Para garantir o bom uso e a segurança dos frequentadores e dos vizinhos. A Pôr do Sol tem dimensões e movimentação de um parque. Cercá-la e fechá-la durante a noite é uma medida que facilita lidar com problemas como som acima da altura permitida, lixo espalhado pela praça, pichações e uso de drogas — mesma medida adotada em alguns parques menores que ela, como o Buenos Aires (Higienópolis), o Mário Covas (na Paulista) e o Zilda Natel (no Sumaré) ou mesmo na praça Amundsen (Boaçava). A Pôr do Sol até chegou a ser oficialmente um parque, de 2015 a 2017 — uma reivindicação da SAAP. Manifestamos nossa insatisfação quando a gestão do então prefeito João Doria a fez voltar a ser praça.

Numa cidade ideal, nenhum parque ou praça precisaria ser fechado em nenhum momento. Não é o caso de São Paulo, onde, pelo que se sabe, todos os parques fecham durante a noite, a não ser aqueles concedidos à iniciativa privada que organizam eventos para público específico e controlado.

Para a SAAP, cercar a praça adequadamente e fechá-la à noite não é uma questão de princípio, mas uma posição pragmática. Nas redes sociais, as críticas ao fechamento o relacionam a elitismo, posturas higienistas e outros disparates destes nossos tempos de polarização e ânimos à flor da pele. Não poderiam estar mais enganadas. O que está em jogo é a gestão (num município com inúmeros desafios orçamentários) de áreas verdes e pontos turísticos, particularmente quando estão dentro de uma zona estritamente residencial.

6) Houve melhorias depois que a praça foi cercada?

Várias. Quando a Pôr do Sol foi reaberta, em 1º de agosto de 2021, já contava com um parquinho reformado, com apoio da SAAP. Em 2023, o cachorródromo existente foi revitalizado, e a Prefeitura criou um segundo, dez vezes maior que o original. No final de 2024, com colaboração financeira dos moradores, foi inaugurado um terceiro parquinho, que enfatiza os elementos naturais do espaço.

Recentemente, a Prefeitura autorizou a instalação de dois contêineres: o Amém Café (que vende salgados, sucos etc.) e a sorveteria Dapavirada. Eles são responsáveis por manter limpo a área em seu entorno.

Crianças, jovens e famílias têm aproveitado o local com mais segurança e mais conforto durante o dia. Ao entardecer, o pôr do sol continua lindo como sempre.