Em entrevistas à imprensa, SAAP destaca incongruências da Nova Raposo
Desde que se tornou de fato conhecido, o projeto de ampliação da rodovia Raposo Tavares vem recebendo várias críticas de associações de moradores de São Paulo. A obra, que deve custar mais de R$ 9 bilhões, prevê pedágios urbanos, desapropriação de extensas áreas residenciais e comerciais e derrubada de milhares de árvores. Esses dois últimos fatores podem afetar diretamente Alto dos Pinheiros.
Os principais problemas estão resumidos num abaixo-assinado do movimento Nova Raposo, Não! Em entrevistas à imprensa, a SAAP chamou atenção para três pontos principais.
As obras ignoram leis urbanas recém-aprovadas
A nova concessão inclui várias obras em áreas urbanas da capital, muito além do entorno da rodovia, como um túnel que termina na av. Francisco Morato e três viadutos sobre o rio Pinheiros. São intervenções com grande impacto em bairros como Butantã e Alto dos Pinheiros — e que ignoram completamente as longas discussões feitas em 2022 e 2023 sobre o Plano Diretor e a Lei de Zoneamento.
Em entrevista ao UOL, a presidente da SAAP, Maria Helena Osório Bueno, destacou esse ponto: “No momento em que nós acabamos um Plano Diretor e um Plano de Zoneamento na cidade, não pode vir o governo do estado com o projeto de jogar um viaduto numa zona estritamente residencial.”
O projeto adota conceitos arcaicos de urbanismo
A Nova Raposo, infelizmente, está carregada de velharias. Uma delas tem a ver com mobilidade. Uma frase já antiga diz que viaduto é a distância mais curta entre dois engarrafamentos, uma sabedoria que deverá ser comprovada outra vez se o projeto não for modificado.
As associações de moradores não duvidam que as obras vão melhorar o trânsito na Raposo – mas vão piorá-lo na Marginal Pinheiros e em Alto dos Pinheiros. Um dos viadutos previstos, por exemplo, vai desaguar na avenida Antonio Batuira, bem mais estreita. “Como é que vai jogar um viaduto dentro de um bairro estritamente residencial, num trecho que só tem residência, escola e um clube?”, questionou Maria Helena em entrevista à TV Globo.
Outra ideia já caduca é transformar o verde em concreto – o que possivelmente aconteceria em Alto dos Pinheiros, nas proximidades da praça Silveira Santos. “Vai tirar árvores maravilhosas. Olha a altura dessas árvores, olha o que tem de pássaros, olha o que segura o calor, todo o carbono dos automóveis. Vai tirar tudo isso?”, criticou a presidente da SAAP.
As associações de moradores não foram ouvidas para valer
Apesar de envolver R$ 9 bilhões em investimentos, o projeto organizou somente duas audiências públicas, divulgadas apenas em canais oficiais – quase ninguém ficou sabendo. Houve também uma consulta on-line, feita de última hora. “Recebemos um formulário para dar nossa opinião. Opinião sobre o quê? Aí fomos atrás do projeto e ficamos extremamente surpresos”, contou Maria Helena para a Globo.
O movimento Nova Raposo, Não!, que organizou o abaixo-assinado contra o projeto, destaca que a falta de divulgação adequada e de debates fere a Constituição paulista – e, portanto, torna a nova concessão ilegal.