13 de agosto de 2019

Morador do bairro se torna “guardião” de cerejeiras plantadas para celebrar imigração japonesa no Brasil

Toda primavera japonesa é marcada por um costume milenar: o hanami, que significa algo como contemplar a florada das cerejeiras. Sob suas flores, chamadas por lá de sakura, as pessoas se sentam para apreciar a beleza da árvore-símbolo do país. Quem vive na cidade de São Paulo provavelmente já ouviu falar da Festa das Cerejeiras no Parque do Carmo, na zona leste, comemoração que acontece desde 1978, inspirada na tradição nipônica. O que certamente muitos não sabem é que Alto dos Pinheiros também carrega um pedacinho da terra do sol nascente. E com direito à delicada combinação de rosa com branco característica dessa espécie tão celebrada.

Estamos falando da Praça Província de Saitama, cujo nome é uma homenagem a uma cidade do Japão de onde vieram alguns dos imigrantes que desembarcaram no Brasil no século passado. Em 2017, uma comitiva daquela região visitou o local, inaugurou uma placa comemorativa e plantou duas mudas de cerejeira. No ano seguinte, em nova visita, mais duas foram plantadas. E, desde então, elas têm, digamos assim, um “guardião” brasileiro.

“Nós que recebemos a comitiva japonesa. Fui criado numa usina de açúcar, onde meu pai, engenheiro agrônomo, trabalhava, e sempre gostei muito de plantas”, explica o administrador de empresas Luiz Thompson, que toma conta, com esmero, das sakuras da Província de Saitama.

Thompson rega as árvores duas vezes por semana. Em novembro, período de chuvas, também aplica adubo especial. E seus cuidados envolvem até “primeiros socorros”.

“Uma vez, quebraram o caule de uma das mudas com uma bola. Eu usei um lápis e durex para remendar e consegui salvar a árvore”, conta o administrador, que confessa bater um papinho de vez em quando com as amigas cerejeiras.

Os moradores do entorno da praça têm, na verdade, um longo histórico de ações pela preservação do espaço. Além de bancarem reformas, hoje mantêm um jardineiro para cuidar do verde da Província de Saitama.

Thompson, portanto, não está sozinho em suas atividades em prol desse pequeno recorte do Japão. Mas ele assim justifica sua dedicação: “Eu faço, porque gosto, e todo mundo acha as cerejeiras bonitas”.

As quatro árvores em nossa vizinhança bem que valem um hanami!