22 de junho de 2018
Vi um homem pescando um caminhão onde hoje é o Parque Villa-Lobos, conta professor
História de pescador é aquela em que o contador sempre dá uma temperada a mais, uma aumentada. Na cena presenciada pelo professor Almenor Tacla, na década de 1970, o pescador, no caso, era o personagem. E o que ele tentava fisgar em um lago na área onde hoje é o Parque Villa-Lobos? Um caminhão!
Naquela época, o local era um imenso terreno baldio de propriedade do empresário José João Abdalla. Ali, o então professor de biologia do Colégio Santa Cruz encontrou o ambiente perfeito para suas aulas práticas de ecologia. “Fazia trabalho de campo no local, no meio do mato e de buracos provocados pela extração de areia.”
Em um dado momento, o imenso terreno começou a ser usado indevidamente com lugar de descarte de detritos da construção civil, e Tacla parou de levar seus alunos, mas não deixou de frequentar o espaço: “Como o lençol freático é perto da superfície, formaram-se lagoas e, consequentemente, tinha muito sapo. Era minha mina de sapo! Na época, a gente podia dissecá-los em sala de aula”.
E foi numa dessas visitas que ele se deparou com o inusitado pescador. “Um dia estou lá [na área degradada que viria a ser o Villa-Lobos] e encontro um japonês com uma corda e um peso na ponta dela. Ele girava, jogava no meio da lagoa e puxava. Achei estranho e perguntei o que ele estava pescando. E ele respondeu: ‘Meu caminhão’.”
Diante da expressão de surpresa de Tacla, o desconhecido contou o que havia ocorrido. Disse que era dono de uma empresa que recolhia restos da construção civil e os despejava naquele terreno. Certo dia, um de seus caminhões, ao descarregar o entulho, basculou com o excesso de peso, cedeu e caiu dentro da lagoa. O motorista morreu, não sabia nadar, e o veículo ficou submerso.
“Contrate um escafandrista”, sugeriu o professor. Mas o homem argumentou desolado: “Eu tentei, não tem ninguém que tope descer aqui. A camada de lodo é muito profunda, a visibilidade é zero, e todos têm medo de ser tragados pelo lodo”.
O peso na ponta da corda que ele insistentemente arremessava na lagoa era, na verdade, um grande imã. Foi o jeito que encontrou para tentar “pescar” o veículo perdido. Fisgou carrinho de mão velho, pedaço de enxada, de ferro de construção, relembra Tacla. Mas caminhão mesmo, nem um para-choque sequer.
Incrível, não?!
Esse relato é um dos muitos que estão no livro sobre a história de Alto dos Pinheiros, que será publicado em agosto, pela SAAP. Fique de olho!
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