4 de fevereiro de 2019

Associação vizinha investe em registro biométrico de vigias, e modelo é observado de perto pela SAAP

Se uma experiência é bem-sucedida, por que não aprender com ela? Foi com base nessa lógica que a SAAP passou a observar de perto uma solução adotada pela Ame Jardins – Associação dos Moradores dos Jardins América, Europa, Paulista e Paulistano – para tornar mais ágil o cadastramento de vigias de rua. A entidade vizinha pagou pela criação de um sistema eletrônico de registro biométrico e, com isso, conseguiu eliminar parte da papelada que tornava o processo lento e burocrático. O sistema está em uso experimental no 15º Distrito Policial, responsável pelo policiamento na área.

Diante do clima de insegurança nas grandes cidades, os serviços formais e informais de vigilância privada têm se multiplicado. Mas o que parece ser a chave para o problema muitas vezes acaba virando uma dor de cabeça a mais. É que casos de vigias com passado criminal não são tão incomuns assim. Para tentar reduzir esse tipo de risco, a lei estadual 11.275/02 passou a exigir que candidatos ao serviço fizessem cadastro nas delegacias das áreas onde pretendem atuar.

Em Alto dos Pinheiros, por exemplo, a questão tem sido discutida com frequência, uma vez que volta e meia provoca dúvidas e preocupações. Foi por isso que a SAAP elaborou uma cartilha para auxiliar os moradores na contratação desses profissionais.

Mapeamento

Além do sistema eletrônico, a Ame Jardins está trabalhando em parceria com a polícia. Num primeiro momento, realizaram um mapeamento conjunto das guaritas com vigias autônomos – havia 204 delas na região dos Jardins. Depois, foram feitas duas rodadas de notificações por parte das forças de segurança para que os profissionais comparecessem à delegacia e se cadastrassem.

Desde maio, 360 vigias estiveram no distrito policial. Desse total, 135 cumpriram todos os requisitos formais exigidos –apresentaram todos os documentos, não tinham antecedentes criminais-, já estão cadastrados e receberam carteirinhas. Durante o processo, foi constatado que alguns apresentavam antecedentes criminais, inclusive por roubo e furto de residências – por razões óbvias, foram afastados.

Ao longo do cadastramento, também houve a identificação de contratados que não sabiam ler e escrever, o que é proibido pela lei estadual. No entanto, a Ame Jardins e a polícia decidiram dar um prazo para que se matriculassem em cursos de alfabetização.

O próximo passo é que participantes do programa Vizinhança Solidária na região recebam um modelo de notificação para ser entregue nas guaritas onde há vigias de rua ainda não cadastrados.

 

Furtos em queda

Apesar de não dispor de dados oficiais, a Ame Jardins relata que os furtos a residências na área recuaram desde que as medidas passaram a ser implantadas. Antes, a média desse tipo de ocorrência era de dois registros por semana. Agora, calcula a associação, passou para cerca de uma vez por mês.

O sistema eletrônico ainda está em período de testes e vem sendo aprimorado conforme é usado. A expectativa da Ame Jardins é de que associações de outros bairros, em parceria com a comunidade e com as forças de segurança, adotem essas mesmas medidas, expandindo-as para toda a cidade de São Paulo.

Experiente na questão, a associação recomenda a outras representações de moradores algumas mudanças no processo de cadastramento. Uma delas é que a notificação para que os vigias de rua comparecem à delegacia seja feita inicialmente por grupos do Vizinhança Solidária e, somente depois, pela polícia.

A SAAP tem aprendido muito sobre o tema com a Ame Jardins, com quem mantém relação de longa data. Sem dúvida, a experiência dos nossos colegas é uma inspiração para que possamos aprimorar esse tipo de serviço em Alto dos Pinheiros, tornando nosso bairro cada vez mais seguro e tranquilo.