18 de outubro de 2013

Um domingo na cidade que queremos

Movimento Boa Praça, 15/10/2013

O Movimento Boa Praça surgiu há 5 anos, a partir de um grupo de vizinhos que se incomodaram com o estado de abandono das praças do seu bairro.

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Filme de Pedro L. Filizzola

Para tentar quebrar a pergunta sem saída “As praças estão detonadas porque ninguém vai ou ninguém vai porque elas estão detonadas?” começamos a ocupar as praças, promovendo piqueniques comunitários abertos a todos, a cada último domingo do mês. Em novembro acontecerá o piquenique número 50.

Nesses encontros, a ideia é que os vizinhos se conheçam, que a comunidade se fortaleça, que entendamos quais são os recursos e potências do lugar e quais os seus problemas. Assim, em conjunto, é que se vão articulando as melhorias. Nosso lema é que as praças tem de sair sempre melhor que antes nesses encontros. Por isso promovemos atividades como mutirões de plantio, de conserto de brinquedos, de limpeza etc.

A reforma da praça Paulo Shiesari, em 2011, foi feita assim: com todos opinando sobre o que deveria haver ou não ali. Foram montadas várias reuniões, arquitetos voluntários ajudaram e dali surgiu um projeto, que foi entregue à subprefeitura, que executou a obra, dentro do possível.

A praça Antonio Resk, onde hoje está instalada a horta comunitária da Vila Anglo era antigamente um terreno público abandonado, cheio de ratos e lixo. Conseguimos transformá-lo em uma praça em 2011, quando fizemos a reforma da Paulo Schiesari, e neste ano começamos a horta.

O mobiliário instalado na praça Antoni Resk foi o que a subprefeitura da Lapa tinha, mas aqueles bancos ondulados, anti-mendigos, mais “desconvidam” a sentar do que convidam. Achamos que os paulistanos merecem bancos decentes, confortáveis, nos quais possam se instalar e conversar. Achamos que a cidade e seu mobiliário devem ser pensados e construídos para atraiar as pessoas, para acolhe-las, não para repelí-las. Por isso estamos aos poucos reformando os bancos da praça, utilizando madeira que vamos encontrando em caçambas, reutilizando o que iria para o lixo. Raimundo Paiva, que é engenheiro e membro do Boa Praça, bolou um projeto para adaptar assento e encosto ao cimento dos bancos e todos ajudaram a montar o primeiro naquele dia. Hoje já temos três prontos ali e fizemos um outro na Praça das Corujas, na qual realizamos o piquenique de setembro.

A cada piquenique, as pessoas do entorno das praças que têm uma habilidade ou um saber podem se apresentar ou compartilhá-lo com todos. Foi assim com o Carlos Eduardo Venâncio, o Cadu, que naquele piquenique que você filmou se dispôs a dar uma oficina para as pessoas montarem composteiras em suas casas, para diminuir os resíduos. Mas já tivemos músicos, atores, contadores de histórias, oficineiros de origami, de produtos de limpeza com ingredientes naturais, massagistas… Cada um leva e conta o que sabe fazer.

O objetivo do movimento Boa Praça é devolver às praças da cidade o seu sentido original: que elas sejam lugares de encontro, lazer, debate e inclusão. As praças (ágora) surgiram na Grécia antiga e era em torno delas que a vida política da cidade se organizava.