Crise climática: o que cada um de nós pode fazer para minimizá-la
Dois grandes acontecimentos ajudaram a moldar o mundo em 2021. Um deles, claro, foi a continuação – inclusive de forma mais intensa – da epidemia de covid: nossa saúde, nosso trabalho, nossa convivência diária foram fortemente influenciados por ela. O outro grande acontecimento é menos óbvio, e na aparência (só na aparência) tem menos ligação com nosso dia a dia: a reunião de líderes mundiais em novembro, na cidade de Glasgow (Escócia), durante a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP26). Os participantes estabeleceram uma série de compromissos para reverter o desmatamento, conter as emissões de carbono e ampliar a participação de fontes renováveis na matriz energética. São medidas que, se não implantadas a contento, podem gerar um cenário que terá impacto muito maior em nossas vidas do que a covid-19.
“Os eventos climáticos extremos ocorrem de forma cada vez mais intensa e frequente, como as chuvas na Bahia e as tempestades de areia no interior de São Paulo. Isso é consequência da crise climática, que também impacta o preço dos alimentos e em uma energia mais cara, pois o desmatamento da Amazônia interfere no acesso à chuva do Sudeste, por exemplo”, comenta a especialista em mudanças climáticas Flávia Bellaguarda, que acompanhou a COP 26.
Mudar esse quadro requer estratégias amplas, que vão muito além da ação individual. Mas nossas pequenas decisões do dia a dia também podem colaborar “Sozinhos, somos apenas um grão de areia. Mas, se trabalharmos juntos, nossas ações vão gerar o impacto coletivo necessário para revertermos a situação”, avalia Bellaguarda.
Veja algumas linhas de ação que podem ser adotadas.
Priorize negócios locais
Às vezes, vamos ao mercado e compramos um produto fabricado do outro lado do mundo, mas que também é feito aqui, pertinho de nós. Ao priorizarmos um negócio local, eliminamos um grande volume de poluentes emitidos no transporte. “Além disso, você destina recursos para alguém que gera empregos e cuida das áreas verdes na sua região, enquanto boa parte dos exportadores praticam monocultura, um modelo de produção pouco saudável para o solo”, afirma Bellaguarda.
A SAAP mantém uma lista de negócios locais de Alto dos Pinheiros. Privilegie esses pequenos empresários!
Faça compostagem
Ter uma composteira ajuda não apenas a reduzir o volume de dejetos orgânicos despejados em lixões: também gera uma matéria-prima que fortalece o solo. Portanto, em vez de jogar restos de alimentos no lixo, procure transformá-los em adubo. Não tem espaço na sua casa? Alto dos Pinheiros abriga uma empresa que presta esse serviço.
Reduza o consumo de carne
No Brasil, o desmatamento está muito ligado à pecuária, que destina áreas verdes para alocar animais ou produzir ração. Isso ocorre devido à alta demanda de carne. Portanto, se o consumo cair, a pressão sobre as florestas também será reduzida. “Não é necessário parar 100%: basta ter consciência do que há por trás deste consumo e diminuir o volume”, diz a especialista. “O ser humano não tem necessidade de comer carne todos os dias.”
Opte por materiais mais recicláveis
Nas compras, atente-se às embalagens e priorize aquelas que podem ser recicladas com mais facilidade. Entre uma bebida em latinha ou plástico, por exemplo, fique com a primeira, pois o percentual de reaproveitamento do alumínio é muito maior do que o do plástico.
Faça a transição para produtos orgânicos
Nos últimos anos, a indústria cosmética natural ampliou sua oferta, e hoje o mercado conta com diversas opções de produtos orgânicos, como desodorantes e xampus. Além de não usarem componentes agressivos ao meio ambiente e ao corpo, os orgânicos promovem uma limpeza saudável.
Seja adepto da economia compartilhada
Reúna amigos para um bazar de trocas, encontre alguém que faça os mesmos trajetos para você deixar o carro em casa e ir de carona. Até roupas podem ser trocadas com facilidade – Bellaguarda indica o Projeto Gaveta. Quanto mais dividimos, menos lixo é gerado e menos poluentes são emitidos.