Associação dos Amigos de Alto dos Pinheiros.

Por que é preciso se vacinar contra gripe, mesmo em tempos de covid

Ministério da Saúde/Divulgação

Claro, há mais de um ano a covid-19 é a grande preocupação na área de saúde. Mas é preciso prestar atenção também a outras enfermidades, como a gripe. Infelizmente, não é o que está acontecendo: em meados de maio, a vacinação contra o tipo mais grave da doença, a influenza (ou H1N1), não havia alcançado nem um quarto dos paulistanos dos grupos prioritários, mesmo após um mutirão organizado pela Prefeitura.

Os dados são especialmente preocupantes num bairro como Alto dos Pinheiros, que tem a maior concentração de idosos da cidade. Eles são um dos grupos prioritários, junto com crianças de 6 meses a 6 anos, grávidas, trabalhadores de saúde e educação, portadores de doenças crônicas, entre outros (veja a lista completa).

A SAAP conversou com médicos e com a Secretaria Municipal de Saúde para entender por que, mesmo com a covid-19 sendo ainda a grande ameaça, é preciso ir até os postos e se vacinar contra a influenza.

Onde se vacinar

Para os grupos prioritários, a vacina está sendo oferecida (de graça) em escolas públicas (veja a lista completa de locais de vacinação). No nosso bairro, é a Escola Municipal de Ensino Fundamental Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, na av. Diógenes Ribeiro de Lima, 2001. É preciso levar documento de identificação, carteira de vacinação e, em alguns casos, comprovantes (por exemplo, para trabalhadores de saúde).

As clínicas particulares também dispõem da vacina. Nesse caso, ela é paga, mas mesmo quem não pertence aos grupos prioritários pode se imunizar. A Alta Excelência Diagnóstico, uma Empresa Amiga do Bairro, dá desconto de 10% para associados da SAAP (o valor fica em R$ 144). Os interessados devem entrar em contato com Patrícia, da SAAP, por e-mail (saap@saap.org.br) ou WhatsApp — (11) 97169-0954. A unidade de Alto dos Pinheiros fica na Praça São Marcos, 20.

Por que se vacinar

“O vírus pode provocar casos muito graves de doenças respiratórias. E, nesse momento da pandemia de covid em que os hospitais estão sobrecarregados, quem tem doença grave vai ter dificuldade de conseguir internação e vai sobrecarregar ainda mais o sistema de saúde”, afirma o pneumologista e pediatra Luiz Vicente Ribeiro, do Instituto da Criança (ligado ao Hospital das Clínicas da USP) e do Hospital Albert Einstein.

Com o isolamento social e o uso de máscara, as doenças por infecções respiratórias diminuíram, observa Paulo Pêgo Fernandes, chefe do Departamento de Cardiopneumologia da Faculdade de Medicina da USP. De fato, o número de moradores de São Paulo atendidos com influenza chegou a 1.321 em 2016, com 156 óbitos. Em 2019, foram 207 casos e 24 mortes. No ano passado, já com isolamento social, 82 casos e sete mortes. “Houve menos casos e menos mortes, mas houve”, pondera Fernandes. “O isolamento social e o uso de máscaras são barreiras importantes contra a influenza. Mas a vacina é uma barreira a mais – como com a covid.”

Crianças que não estão indo à escola também devem se vacinar?

Sim. O vírus da influenza é mais perigoso para elas do que o da covid-19, segundo Ribeiro. Em crianças pequenas, o Sars-CoV-2 quase sempre provoca apenas sintomas leves (ou nenhum sintoma) “O da influenza, ao contrário, pode causar febre alta e risco elevado de complicações por bactéria, como pneumonia e otite.”

Quem se vacinou contra covid pode se vacinar contra influenza?

Sim, mas com intervalo de 15 dias, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Como para a Coronavac o intervalo entre a primeira e a segunda dose costuma ser de 28 dias, a recomendação é aguardar 15 dias após a segunda dose para receber a imunização contra gripe. Para a AstraZeneca/Oxford, pode-se tomar entre as duas doses, respeitando o intervalo de 15 dias após a primeira dose ou antes da segunda.

Em qualquer caso – e para qualquer grupo –, é preciso ir aos postos de máscara e mantendo o distanciamento social.

Quem pegou covid pode se vacinar contra influenza?

Não há qualquer contraindicação, destaca Ribeiro. A Secretaria de Saúde recomenda aguardar ao menos 28 dias após a alta.

A vacina contra gripe pode ter, como efeito colateral, uma gripe fraca?

O imunizante é feito com fragmentos de vírus – portanto, vírus já “morto”. “Não há nenhum risco de a vacina causar uma infecção como gripe ou influenza – nem gripe fraca”, afirma Ribeiro.