18 de fevereiro de 2022

Casal transforma imóvel de Alto dos Pinheiros em modelo ecológico

Imagine uma casa com placas solares que aquecem o chuveiro e a piscina, painéis fotovoltaicos que produzem eletricidade, água de chuva captada (para uso no banheiro e nos jardins), tratamento do próprio esgoto, quintal com horta e pomar, geração de energia através de compostagem. Parecer algo distante, mas um lar assim pode estar muito mais perto do que imaginamos. Ou em nosso próprio bairro, para ser mais exato. Localizada em Alto dos Pinheiros, a Casa Pôr do Sol foi criada pelo casal Paula Sá e Flavio Ouro – e serve como evidência de que é possível fazer muito, muito mais do que se tem feito para ter uma residência ecológica.

A ideia de ir além do convencional surgiu quando esse casal com três filhos morava em um pequeno condomínio na Vila Madalena. Mas as sugestões do casal não foram encampadas pelos vizinhos. “Queríamos colocar captação de água e placas solares, enquanto eles falavam em elevadores e piso aquecido”, resume Paula, que é designer de interiores. Procuraram então um novo espaço e encontraram uma casa nas imediações da praça Pôr do Sol. “Além da boa estrutura do imóvel, nos apaixonamos pelo bairro, que é muito arborizado e tem tudo a ver com o projeto.”

Na reforma, derrubaram algumas paredes, construíram uma suíte e um gazebo. As intervenções foram feitas com materiais verdes, como tijolo ecológico e tinta livre de solventes e metais pesados. E também a partir do reaproveitamento do entulho gerado pela própria obra. “Procuramos aproveitar ao máximo a estrutura original, pois isso faz parte da premissa de respeitar o meio ambiente”, explica Flávio, que é construtor.

Após as adaptações, começou a implantação da estrutura ecológica, incluindo um telhado verde (para dar maior conforto térmico no interior da residência e funcionar como o primeiro grande filtro da água da chuva), uma piscina ozonizada (que elimina quase por completo a necessidade de cloro) e painéis fotovoltaicos que fornecem mais de 90% das necessidades de energia da casa. Conforme o projeto avançava, novos recursos foram adicionados. “Descobrimos que era possível tratar nosso próprio esgoto e decidimos incorporar isso. O mesmo aconteceu com o biodigestor, que utiliza o metano da compostagem como gás para alimentar nossa churrasqueira”, conta Paula. A família mudou-se para lá em julho de 2021.

A Casa Pôr do Sol, como foi batizada, pode ser reproduzida no todo ou em parte. É mais fácil trabalhar em terrenos, pois o projeto sai do alicerce com a premissa ecológica, mas é possível adaptar um imóvel já existente, como fez o casal.

“Nossa ideia é fazer com que as pessoas não partam do zero, pois já testamos muitas coisas e vimos de perto o que funciona. E não é preciso fazer o projeto completo logo de cara. Podemos entrar em apenas uma etapa – para a pessoa experimentar a energia solar, por exemplo – e adicionar outras coisas, passo a passo”, explica Flavio.

Agora o casal se prepara para dar início a uma nova fase, com disseminação do conhecimento que adquiriram com a experiência. Em breve deve haver novidades.