27 de abril de 2018

Moradores levam a praça de Alto dos Pinheiros projeto de reciclagem que já coletou milhares de bitucas de cigarro

A bituca parece ser a parte mais inofensiva do já comprovadamente nocivo cigarro. Mas, além de lixo, aquele pedacinho queimado também é uma ameaça ao meio ambiente quando descartado indevidamente. Foi pensando nisso que um grupo de moradores levou à praça Província de Saitama um projeto que recolhe e recicla esse resíduo.

“Entramos, na prefeitura, com um termo de doação do serviço de reciclagem da empresa Poiato Recicla, e colocamos no local cinco caixas coletoras, que são esvaziadas ao menos uma vez por mês”, explica Carine Galvão.

Os frequentadores da praça parecem ter abraçado a ideia. A quantidade de bitucas recolhidas cresceu desde o início do projeto. Em novembro, foram 450; em março, chegaram a 963.

“Não fizemos nenhuma campanha específica para conseguir esse aumento. As coletoras dão a impressão de que a praça está sendo cuidada, e as pessoas tendem a colaborar”, diz Carine.

As bitucas recolhidas vão para uma fábrica da Poiato, em Votorantim, interior de São Paulo. Lá, passam por um processo químico, desenvolvido pela Universidade de Brasília, que reaproveita 95% do material.

“O produto final é uma massa de celulose, que é doada para escolas e reaproveitada pelos alunos em trabalhos de artesanato”, explica Carine.

Além da questão ambiental, o projeto também tem um viés educativo. “As caixas coletoras têm mensagens sobre os danos de se jogar a bituca no chão. As pessoas precisam saber o impacto que isso tem na natureza”, afirma Marcos Poiato, sócio da empresa de reciclagem.

Segundo ele, as bitucas podem demorar até 20 anos para se decomporem naturalmente. “Antes de ser consumido, um cigarro tem 5.365 substâncias químicas. Depois de aceso, tem 8.680. Esse resíduo pode ser pior até do que certos tipos de lixo hospitalar”, diz Poiato.

O termo de doação firmado com a prefeitura tem prazo de seis meses –abril será o último. Diante do sucesso da iniciativa, Carine afirma, porém, que os moradores já estão conversando com o poder público para prorrogar esse prazo.