13 de março de 2014

Conselheira do Parque Villa-Lobos teme ‘rolezinhos’

O Estado de São Paulo, 11/03/2014, por Laura Maia de Castro

No domingo, encontro de jovens marcado pelas redes sociais teve tumulto e a Polícia Militar teve de ser acionada; ninguém foi detido

A presidente da Associação dos Amigos de Alto dos Pinheiros (SAAP) e conselheira do Parque Villa-Lobos, Maria Helena Bueno, disse que “rolezinhos” que terminam em tumulto são uma preocupação para o bairro. Segundo Maria Helena, o problema não é a aglomeração de jovens, mas sim as brigas e pichações que aconteceram.

“Como conselheira do parque estou preocupadíssima. Mas não ficou restrito apenas ao Villa-Lobos, foi dentro do bairro, com pichação de carros. Infelizmente, a reunião que teríamos hoje com essa pauta foi adiada para a próxima semana”, disse.

Ela explica que o parque tem uma média de frequência de 70 mil pessoas nos finais de semana, dos quais muitos são jovens, mas que não costuma ter confusão. “É uma moda desagradável”, completa.

Ao menos mais três “rolezinhos” estão marcados ainda este mês no Villa-Lobos.

Confusão. No domingo,9, um encontro de cerca de 200 jovens terminou em confusão no parque. Segundo a Polícia Militar, houve denúncias de tumulto generalizado, depredação e pichação no estacionamento, mas ninguém foi detido. Uma das entradas ficou fechada por 40 minutos.

A Secretaria Estadual do Meio Ambiente, responsável pela administração do Villa-Lobos, disse que os parques estaduais estão preparados para receber grandes públicos. “Os shows frequentemente realizados com dezenas de milhares de pessoas são exemplos de que é possível oferecer com segurança lazer e recreação.” Em relação ao policiamento, a secretaria informou que o Villa-Lobos tem 60 vigilantes nos finais de semana e feriados e uma unidade fixa da PM.

O Parque do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, também foi palco de tumulto por causa de um “rolezinho” no fim de semana. No sábado, 8, houve uma briga entre adolescentes, mas, segundo a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), o princípio de confusão foi controlado pela Guarda Civil Metropolitana (GCM) e a segurança privada do parque. A secretaria e a GCM se encontram com os organizadores dos “rolezinhos” antes dos eventos para que o “conforto dos visitantes”, a fauna e a flora não sejam prejudicados.

De fora. Segundo o MC Chaveirinho, de 20 anos, um dos principais organizadores de “rolezinhos”, os encontros que terminaram em tumulto no fim de semana não foram organizados por integrantes da Associação Cultural Rolezinho Voz do Brasil.

A associação dialoga desde o mês passado com o poder público para que os encontros que antes aconteciam em shoppings aconteçam em espaços públicos. “Nós não queremos mais fazer nada bagunçado. Vamos ter uma reunião com a Prefeitura nesta semana para definir as datas dos eventos que devem ter policiamento e ambulância.” A Prefeitura não confirmou o encontro.

Para o criminólogo Danilo Cymrot, que estuda a criminalização de movimentos ligados ao funk, é cedo para avaliar o sucesso dos “rolezinhos” nos parques, mas é preciso ter cuidado ao focar em eventos isolados. “Temos de tomar cuidado para não colocar o foco em brigas pontuais, de uma forma que tire a legitimidade de uma política de ocupação do espaço público, que é meritória.”

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